INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
O termo “inteligência emocional” tem sido empregado e almejado em diversos contextos sociais. No mundo coorporativo, há grande preocupação com o desenvolvimento e treinamento de competências sociais relacionadas principalmente à liderança e trabalho de equipe. Nas escolas têm se ganhado mais espaço para aulas cujo objetivo visa a regulação emocional através do conhecimento das emoções, o encorajamento a tomada de perspectiva e tolerância a frustração.
É comum a associação do termo “inteligência emocional” ao controle das emoções, mas será que é isso mesmo? Controlar as emoções seria algo como não poder expressar o que sente? Ou pior ainda negar o que está sentindo? Afinal de contas, quem nunca ouviu de forma pejorativa que as mulheres são muito “emocionais”. Por tanto, uma pessoa “racional”, que nega ou evita expor suas emoções como uma pessoa que teria maiores competências para tomar decisões.
No consultório, quando perguntamos para os pacientes, por que eles acham que as emoções e os sentimentos são importantes, a grande maioria não sabe explicar. A verdade é que as emoções e sentimentos foram e são muito importantes para a sobrevivência da espécie. Elas funcionam como sinais que nos ajudam a perceber se algo nos é agradável, se estamos em perigo ou passando por uma situação de injustiça.
Para iniciar a discussão sobre “inteligência emocional” precisamos entender e discriminar o que significa emoção.. Podemos definir emoção como sendo reações físicas e emocionais diante um estímulo, já o sentimento é a nossa percepção em relação à essa emoção. A emoção pode ser mais passageira e generalista, já o sentimento mais duradouro e singular. Um estímulo costuma causar as mesmas reações fisiológicas no individuo, independente da cultura e foram/são fundamentais para a sobrevivência da espécie. Já o sentimento, leva em consideração a cultura, suas crenças e experiências. Por exemplo, diante a morte de alguém, uma primeira reação pode ser a tristeza, já que perco algo que era valioso para mim. Em seguida, o luto é vivenciado de forma diferente em cada cultura, para alguns mais dolorosos e para outros algo a se celebrar.
Um mesmo evento pode ter significados diferentes, para pessoas diferentes, por essa razão, também é possível observar que um mesmo evento pode causar mais de um sentimento. Posso ficar feliz pela nova oportunidade de emprego de um filho, mas triste porque esse emprego é em outra cidade. Por essa razão, identificar o que estamos sentindo nem sempre é uma tarefa fácil, para isso precisamos discriminar os sinais e as alterações que cada emoção, buscar compreender o significado de cada uma para mim, bem como identificar os gatilhos, para que depois eu consiga de fato tomar uma decisão de como agir. Para que tudo isso aconteça eu preciso me permitir sentir, mesmo que isso me cause um desconforto, pois esse é um sinal que meu corpo está mandando para mim e eu preciso ouvir.
Tendo dito isso, podemos dizer que a difinição citada a cima é um tanto equivocada. Podemos comparar a emoção com a água, uma vez que ela sempre busca um espaço para transbordar e é bem capaz, que, quando ela consiga esse espaço ela saia levando tudo junto com ela.
Inteligência emocional, portanto, está relacionada a habilidade de conseguir identificar, se regular e em seguida buscar uma estratégia assertiva e eficaz de resolver o problema que causou ela. Apesar de parecer simples, não é fácil e o psicólogo pode te ajudar a desenvolver essas habilidade.
Patricia Viel